Uma imagem realista de uma app de fidelização esquecida num smartphone pousado no balcão de uma loja vazia e mal iluminada. Ao fundo, o comerciante está com ar preocupado, a olhar para as prateleiras vazias. A interface da app visível no ecrã do smartphone mostra ícones de cashback, pontos e recompensas, mas está coberta de pó. A luz ambiente deve transmitir abandono, com tons frios e ligeiramente desaturados.

Porque é que a maioria das apps de fidelização estão condenadas ao fracasso?

Nesta “carta ao leitor” respondo a um dos emails que recebi recentemente.

Espero que gostes e que te inspire…

EMAIL

Olá sou o […].

Falei contigo pelo […] e aqui está a minha ideia de projeto.

Gostaria de ter o teu feedback e algumas questões/ideias para a poder melhorar.

A MINHA RESPOSTA

Olá […],

Obrigado por partilhares comigo o resumo da tua ideia.

Li com atenção o teu documento e, como empreendedor, deixo-te aqui um feedback honesto e pragmático, não para te desmotivar, mas para te ajudar a evitar armadilhas comuns.

O que vejo de positivo:

– Estás a atacar um problema real: os negócios locais têm dificuldade em fidelizar clientes e necessitam de ferramentas simples e eficazes.

– O conceito de combinar […] + […] + […] pode funcionar do ponto de vista do utilizador, especialmente em mercados mais sensíveis ao preço.

– A proposta de […] para pequenos negócios tem relevância social e política (pode ajudar em candidaturas a financiamento).

Mas agora o mais importante: os pontos críticos.

– As margens nos pequenos negócios são curtas

A ideia de oferecer 15% de desconto direto em cada pagamento é irrealista para a maioria dos pequenos comerciantes. Muitos trabalham com margens entre 10% e 25%, e raramente conseguem abdicar de 15% sem comprometer a sustentabilidade. Mesmo que o cliente goste, o comerciante pode recuar.

Sugestão: Reduz esse valor ou oferece flexibilidade para o comerciante definir o desconto que consegue suportar.

O modelo de negócio ainda não é validado

Estás a assumir que os comerciantes vão pagar planos mensais por uma […] que, numa fase inicial, ainda não lhes gera resultados palpáveis. Isto é um ciclo difícil de quebrar: sem utilizadores, os comerciantes não aderem; sem comerciantes, os utilizadores não entram.

Sugestão: Começa por validar o conceito com uma versão lean e gratuita para os primeiros comerciantes, trocando feedback por acesso gratuito. Só depois é que deverás pensar em monetizar.

–  Tecnologia sem integração com […] pode ser uma vantagem… ou não!

Dizes que não é necessário […], mas a experiência de pagamento deve ser extremamente fluída. A utilização de […] pode ser uma barreira se não for imediata, segura e transparente. O cliente tem de perceber o que está a fazer… e o comerciante também.

Sugestão: Testa bem a experiência do utilizador num cliente-piloto antes de te comprometeres com o modelo final.

–  A proposta de valor precisa de foco

Estás a tentar oferecer muita coisa: […], […], […], […] gratuito, […], loja de […]… O risco aqui é a complexidade para o utilizador e para o comerciante.

Sugestão: Começa por uma única proposta de valor clara e forte. Depois vai acrescentando funcionalidades à medida que vais tendo provas de tração do projeto.

Obter financiamento sem provas pode ser difícil

Programas como o […] ou o […] são competitivos. Apresentar apenas um conceito ainda sem MVP (produto mínimo viável) testado, torna mais difícil o acesso ao financiamento.

Sugestão: Constrói rapidamente um MVP (produto mínimo viável), nem que seja um protótipo clicável ou uma versão com funcionalidades mínimas. Faz testes-piloto com 3 ou 4 lojas reais antes de te candidatares a apoios.

Resumindo:

A tua ideia está bem estruturada no papel e atacas um problema legítimo, mas neste momento parece-me ambiciosa demais para o nível de validação que ainda não tens.

Sugiro que reduzas a complexidade, cries uma versão mínima, testes com negócios reais e só depois tentes escalar.

Espero ter sido útil… 😉

Grande abraço.

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