Para ler ou ouvir
Validade das promoções
As promoções existentes no site encontram-se válidas de
Pagar a mim próprio, gozar férias ou fins-de-semana, ir ao cinema ou comprar as bolachas que eu gosto? Isso já tinha deixado de ser possível há muito tempo.
Comecei a ter dificuldade em dormir à noite.
Trabalhávamos incessantemente e mesmo assim não conseguíamos gerar dinheiro suficiente para voltar a equilibrar as contas.
Contrariamente ao que a maior parte das pessoas costuma dizer, o pior dia da semana não era a segunda-feira. Para mim, naquela altura, a segunda-feira era uma lufada de ar fresco… uma nova possibilidade de ter a porta aberta para ganhar algum dinheiro que ajudasse a tapar o buraco financeiro em que estávamos metidos.
Os domingos e os feriados eram os piores dias. A loja estava fechada e por isso não tínhamos a mínima hipótese de vender produtos ou serviços.
Lembro-me de um domingo à tarde ter discutido com a minha namorada (e sócia) por questões relacionadas com a falta de dinheiro.
Entrei na loja e tranquei-me lá dentro. Ouvi as pessoas a passar lá fora enquanto se dirigiam para o grande centro comercial que se situava mesmo ali ao lado.
Sentei-me no chão, abracei os joelhos, e desatei a chorar.
Aquela estrutura de preços e a falta de assistência que estávamos a ter a vários níveis estavam a tornar tudo insuportável. Já tinha discutido isso, algumas vezes de forma bastante bruta, com os representantes da marca, mas eles continuavam a anunciar aberturas de novas lojas em vários pontos do mundo. Aos olhos da comunicação social, a marca estava em franca expansão, mas em conversa com outros franchisados percebi que as lojas em Portugal e em Espanha estavam a definhar e a deixar os seus sócios enterrados em dívidas.
O stress e o cansaço começaram a provocar grandes alterações em mim.
Engordei 14 quilos, comecei a ter problemas de queda de cabelo, fiquei com a barba quase toda branca em menos de 12 meses e desmaiei (de cansaço) três vezes no mesmo mês.
Nessa altura percebi que o meu corpo não era de ferro e que me estava a dar sinais (muito fortes) que eu deveria saber interpretar antes que fosse tarde demais.
Ainda faltavam sete ou oito meses para terminar o contrato de franchising e percebi que a marca tinha todas as bases jurídicas para me obrigar a renovar o contrato, por mais cinco anos, se, entretanto, não liquidasse várias faturas que tinha em atraso no âmbito da aquisição de produtos, royalties de publicidade, etc…
Senti-me completamente perdido. Como é que eu tinha embarcado em algo com um risco financeiro tão elevado sem garantir que os contratos tivessem algum tipo de cláusula que pudesse proteger os meus interesses?
Percebi que devemos contratar um advogado antes de assinar qualquer tipo de contrato. Se eu tivesse feito isso em 2010, quando rubriquei centenas de folhas com um sorriso nos lábios, não estaria, no início de 2015, tão desesperado a tentar perceber como poderia sair da situação em que estava metido.
Depois de nos imporem a adoção de preços anormalmente baixos, nunca mais conseguimos voltar a subi-los… e, como é do senso comum, sem ganhar dinheiro é impossível manter um negócio aberto. Mas eu tinha de manter as portas abertas porque representava uma marca em franchising. Não podia fechar a loja de um dia para o outro e começar uma vida nova!
Lembro-me de pensar:
– Tem de ser possível quebrar este laço com a marca.
As lágrimas que derramei naquele domingo não foram em vão. Precisei de as soltar para enfrentar a dureza da decisão que necessitava de tomar e para me focar em começar tudo outra vez, mas de forma diferente.
[…]
Este artigo é um excerto do livro “a Ave Rara II… do caos e das dívidas a um estilo de vida livre!” e integra a série de episódios “Trabalhar 4 horas/dia“.
Negócios, investimentos e um estilo de vida livre
Preenche o campo seguinte para receberes os meus emails semanais.
As promoções existentes no site encontram-se válidas de
Faça log in para aceder à sua conta.
Preenche os dados seguintes para receberes os meus emails semanais.