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Há uns anos passou-se uma situação muito curiosa.
Uma cliente da minha empresa de consultoria ambiental, escreveu-me, numa quinta-feira ao final do dia, a perguntar se seria possível fazermos uma conferência telefónica, via Skype, na manhã do dia seguinte.
Como desde 2017 decidi que passaria a descarregar e a responder aos e-mails apenas uma vez por dia, depois da hora do almoço, no dia da suposta conferência telefónica não vi o e-mail antes de a manhã terminar.
Como não respondi ao seu primeiro e-mail, perto das 11 horas da manhã de sexta-feira, a cliente enviou-me outro e-mail a perguntar se poderíamos reagendar a reunião para as 12 horas desse dia. Contudo, como a essa hora eu também ainda não tinha descarregado os e-mails, a cliente ficou novamente sem resposta.
Pode estar a pensar que prestei um péssimo serviço à cliente, mas relembro que ela me enviou o primeiro e-mail no final da tarde de quinta-feira e o segundo e-mail a meio da manhã de sexta-feira.
Quando, depois de almoço, descarreguei todos os e-mails, reparei nos dois primeiros e num terceiro e-mail que dizia:
– Pedro, sugira, por favor, uma data e uma hora durante a qual possamos conversar.
Se o assunto era mesmo urgente, a cliente deveria ter-me telefonado antes do final da tarde. Não deveria ter enviado um e-mail a informar que queria conversar comigo no dia seguinte às 9 horas da manhã.
Ela deveria ter antecipado o risco de eu não ver o e-mail e, por causa disso, não lhe responder com a celeridade que ela pretendia.
Não sou obrigado a consultar e-mails a determinadas horas. Nem quero voltar a trabalhar em modo de “apaga fogos” como trabalhei durante tantos anos e que me levou à exaustão.
E faço questão de deixar isso bem claro a toda a gente com quem trabalho, de forma a educar as pessoas que futuramente me pretendam contactar.
Naquela sexta-feira, depois do almoço, após descarregar os e-mails, respondi à cliente e informei-a que apenas tinha disponibilidade para fazer a conferência telefónica na segunda-feira seguinte, às 14h30m.
Mais uma vez, poderá estar a pensar que esta forma de trabalhar revela um péssimo serviço ao cliente.
Efetivamente, isso não é verdade.
Ao fazer as coisas como faço, de forma tão disciplinada, estou a garantir a minha sanidade mental (e a dos meus colaboradores) e estou a mostrar aos meus clientes que até pode haver uma ou outra situação que seja urgente, mas a maior parte das situações podem ser perfeitamente discutidas mais tarde.
Não disciplinei a minha vida dessa forma até 2017. Por isso é que a maior parte dos meus dias eram caóticos e estavam a destruir a minha saúde física e mental.
A forma como me comporto, mostra aos outros até onde podem ir. Por exemplo, se eu atender um telefonema de trabalho às 11 h da noite, nem que seja uma única vez, quem me ligar vai assumir que estarei sempre disponível a qualquer hora do dia (ou da noite).
[…]
Este artigo é um excerto do livro “a Ave Rara II… do caos e das dívidas a um estilo de vida livre!” e integra a série de episódios “Trabalhar 4 horas/dia“.
Negócios, investimentos e um estilo de vida livre
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