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Estava a acabar a edição de um vídeo da minha neta Diana, na manhã do dia 16 de abril de 2020, quando, 7 minutos depois do meio-dia, ouvi soar a campainha. Pelos três toques consecutivos, imaginei que deveria ser o Pedro.
Entrou cá em casa, cumprimentou-me a mim e à Mila com um toque no cotovelo, porque ainda estávamos no período crítico da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), e perguntou se eu estaria disponível para o ajudar a rever este livro, ainda no formato de rascunho, antes de qualquer tipo de trabalho gráfico.
Mostrei logo interesse em fazê-lo.
No início da tarde, sentei-me na varanda e comecei a rever o livro.
Ainda nem tinha terminado a leitura do primeiro capítulo quando senti um desconforto muito grande e os meus pés começaram a ficar gelados.
Levantei a cabeça e olhei lá para fora. Raiava um sol magnífico e por isso, algo não batia certo. Como era possível ter os pés gelados naquela tarde de sol?
Quanto mais lia, mais gelados ficavam os meus pés. Não me lembro de sentir essa sensação nem durante um inverno rigoroso, mas em poucos minutos senti arrepios no corpo todo.
Desatei a chorar como uma criança.
Pousei o livro no colo e afastei os olhos daquelas palavras que me estavam a desencadear reações tão estranhas. Quando dei conta, as minhas lágrimas já tinham manchado uma das páginas. Afastei o livro, levantei-me da cadeira e olhei lá para fora durante alguns minutos.
Quase nem tinha começado a ler o livro e não sabia se conseguiria continuar. Não eram as palavras que doíam, eram todas as situações que o Pedro viveu em silêncio e que nem eu nem a Mila tivemos noção que estavam a acontecer. Enquanto pais era suposto termos percebido o que se passava, mas ele sempre nos disse para não nos preocuparmos porque estava tudo bem.
Obriguei-me a continuar a ler. Tinha prometido que o ajudaria a rever o livro e por isso tinha que o conseguir fazer.
Naquela tarde, li quase metade do livro. Depois de jantar ainda li mais um pouco. Lembro-me de quase todas as fases da vida que ele descreve no livro, mas não fazia a mínima ideia de que tinham sido tão duras. Tive de parar a leitura várias vezes, não só por sentir um enorme nó na garganta, mas também para evitar que as minhas lágrimas continuassem a manchar as páginas do livro.
Naquela noite, não dormi nem deixei a Mila dormir. Virei-me tantas vezes na cama!
A Mila perguntou-me porque é que eu não parava quieto. Não aguentei, tive de lhe dizer tudo o que estava a sentir e recomendar-lhe que não lesse o novo livro do Pedro.
Incentivou-me a ir tomar um comprimido para dormir. Pediu para me acalmar e quis saber qual era o problema do livro. Disse-me que, como mãe, obviamente pretendia lê-lo assim que estivesse disponível.
Levantei-me, fui à cozinha beber um copo com água e tomar um comprimido para dormir. Ela veio comigo e fez o mesmo.
Tentou folhear o livro, mas eu não deixei. Agarrei-lhe na mão e disse:
– Tu não podes ler este livro, não vais aguentar saber o que ele passou!
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