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Não tenho um plano B (nem na vida, nem nos negócios)!

Durante muitos anos esquematizei as novas ideias de negócio em função de diferentes tipos de cenários que potencialmente pudessem ocorrer. Pensava em tudo o que poderia correr bem e em todos os cenários catastróficos. Depois, desenhava vários tipos de estratégias para cada um dos cenários. Tinha sempre um plano B, um plano C e mais uma série de planos que pudessem vir a ser a minha salvação, caso tudo entrasse novamente numa espiral descendente, e insustentável, como tinha acontecido com aquele negócio falhado que decidi fechar em 2015.

Apercebi-me que raramente conseguia implementar o plano A tal como o tinha inicialmente desenhado e que os planos B, C, D e E não tinham acautelado uma série de dificuldades que, entretanto, começavam a surgir durante a fase de implementação de um novo negócio.

Cheguei a pensar que deveria ter pensado e estruturado igualmente os planos F, G e H, porque os planos A, B, C, D e E saíam-me sistematicamente furados.

Em contraste com estas situações, tudo o que tinha feito até ao momento sem um plano fechado e bem estruturado, tinha crescido e levara-me a entrar em áreas de negócios e a atingir resultados que nunca teria conseguido antecipar.

Refleti sobre este assunto durante imenso tempo, tentei perceber onde é que as coisas falhavam e cheguei à conclusão que o motivo era muito simples: eu era péssimo a fazer planos, mas era ótimo a lançar-me de cabeça, ver o que acontecia e afinar as etapas seguintes em função disso.

Percebi que os meus planos A, B e C eram tão detalhados que eu acabava por acreditar que as coisas iam acontecer exatamente como tinha previsto nesses planos. Sobrevalorizava as minhas ideias e a rapidez com que iriam ser um sucesso no mercado, e isso levou-me a entrar em projetos com riscos financeiros muito elevados, a tomar decisões estúpidas como, por exemplo, aceitar a minha namorada e a minha irmã como sócias de um novo negócio (mesmo sem elas terem qualquer tipo de valências profissionais que complementassem as minhas), levou-me a convencer os meus pais a hipotecar a sua casa e as poupanças, ao mesmo tempo que aceitavam ser fiadores daquele negócio que tinha um plano A tão detalhado que era impossível falhar… enfim!

A experiência e todos os negócios que criei até hoje, mostraram-me que é preferível não acreditar nas minhas capacidades de “adivinhação”. Em vez de perder tempo a desenhar planos tão criativos para todo o tipo de situações, prefiro ter o esquisso de um plano A e meter logo as mãos na massa.

Desde 2017 que não tenho um leque de planos alternativos para o caso de o plano A falhar. Tenho plena noção de que o plano A vai falhar e vão surgir complicações que nunca teria imaginado, mesmo que tivesse tentado desenhar os planos B, C e D.

Perder tanto tempo com planos alternativos não me serve para nada. Faço, erro, aprendo o que necessito para corrigir os erros e volto a fazer um pouco melhor. Este tem sido o único plano que mantenho ativo para qualquer tipo de negócio onde me envolvo. Desde que não entre em alavancagens financeiras que acarretem riscos estúpidos e desde que não comprometa a minha saúde nem a minha integridade física e mental, as coisas que podem correr mal não necessitam dos planos B, C, D e E para serem corrigidas, apenas necessitam de um pouco mais de aprendizagem antes de tentar outra vez, de forma diferente.

No passado, ao ter um plano B estava, ainda que inconscientemente, a dar-me autorização para não cumprir o plano A. Sentia uma enorme sensação de conforto por saber que estaria seguro mesmo que não conseguisse colocar o plano A em ação.

Atualmente, quando digo que não tenho um plano B, nem para a minha vida nem para nenhum dos meus negócios, os meus amigos ficam chocados. Contudo, ter apenas o plano A é a única forma de me manter focado em aprender constantemente para o poder melhorar. Gosto de me lembrar que é o único plano que tenho e por isso não posso dar-me ao luxo de o assumir como algo estático… vai estar sempre a necessitar de melhorias, revisões e adaptações profundas.

Tive esta conversa há pouco tempo com um amigo, ao telefone, quando ele se queixou que os três ou quatro negócios que geria estavam todos “a meio gás”. Eu disse-lhe que ele tinha um projeto onde deveria centrar todos os seus esforços e que não deveria preocupar-se com os restantes, mesmo que chegassem ao ponto de definhar e acabar por “morrer”.

– Pois… mas eu tenho que ter um plano B para o caso de esse projeto não funcionar. – disse ele.

– Já pensaste no que me estás a dizer? Basicamente estás a dar autorização a ti próprio para não levares o plano A até onde queres e é por isso que os teus negócios estão todos “a meio gás”… tu estás a manter vários negócios para teres um plano B, C e D e à custa disso não estás a fazer tudo o que deverias fazer para que o plano A resulte em seis meses em vez de resultar em cinco anos. – referi de forma fria, para ver se ele acordava para a realidade paralela onde teimava em manter-se.

– … mas tenho medo de apostar tudo no plano A. – respondeu.

– Então aceita que vais manter-te sempre com resultados “a meio gás”. Estarás sempre à procura de uma desculpa para não te atirares de cabeça, uma desculpa para evitares errar e para evitares o desconforto de perceber que tens muito para aprender, e para fazer, antes de esperares obter melhores resultados. Eu não tenho plano B e acho que tu também não deverias ter! Imagina que apenas tens dinheiro para te manter a ti e à tua família durante os próximos seis meses. Vais deixar os teus filhos morrer à fome ou vais fazer o que tens de fazer para que esse plano A (o único plano) dê frutos em menos de seis meses? – insisti.

Ele ficou horrorizado com a forma como eu lhe disse isto. Custou-lhe “engolir” o facto de andar há demasiado tempo a segurar várias pontas ao mesmo tempo, na expectativa de ter sempre alguma coisa segura caso todas as outras coisas corressem mal. Na realidade, era melhor que ele começasse a tomar decisões como se tudo já tivesse corrido mal.

Tocar-lhe no assunto dos “filhos a morrer à fome” poderá ter sido a gota de água que ele necessitava.

E tu, continuas a insistir em ter um plano B?

Este artigo é um excerto do livroa Ave Rara II… do caos e das dívidas a um estilo de vida livre!” e integra a série de episódiosTrabalhar 4 horas/dia“.

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