Cansei-me de ser como o hamster na roda e, em dezembro de 2015, durante a reunião anual da empresa, apresentei um PowerPoint que começava com a seguinte frase:

– O Pedro vai deixar a empresa, e agora?

Inicialmente, todos acharam que se tratava de mais uma daquelas palhaçadas que eu gosto de fazer.

Contudo, em poucos segundos, aperceberam-se que era mesmo um assunto sério… eu estava a anunciar que durante o ano de 2016 não iria estar disponível para ninguém (nem colaboradores, nem clientes), porque pretendia dedicar mais tempo a acabar de escrever o meu primeiro livro “Como conseguir emprego em 30 dias” e a desenvolver a primeira loja online da empresa (a NOCTULA store).

– Vais deixar a empresa? Não estou a perceber o que queres dizer com isso! – disse um dos colaboradores.

– Vou tirar um ano sabático! Não pretendo ir para o Tibete tentar perceber quem sou ou o que quero fazer nos próximos anos… vou fechar-me durante um ano no meu gabinete para acabar de escrever o livro e criar uma loja online… não responderei a e-mails e vou colocar o meu número de telemóvel a reencaminhar para o telefone fixo da empresa! – disse eu.

– Ui… isso não vai resultar. Os clientes preferem sempre falar contigo. – disse ele, antecipando alguns potenciais problemas.

– Eles vão habituar-se a falar só com vocês, não se preocupem. – respondi num tom extremamente relaxado e confiante.

– E a tua namorada? E os teus amigos? E os teus pais? Como vão poder contactar-te? – perguntou uma colaboradora, na esperança de me convencer que teria de haver exceções àquela regra louca que eu queria implementar durante um ano inteiro.

– Eu vou avisá-los para não estranharem se ouvirem uma voz feminina a atender as minhas chamadas!

O ano de 2016, transformou-se no primeiro ano da minha vida em que fui verdadeiramente feliz e mostrou-me que é possível mudar tudo de um dia para o outro.