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Quem me conheceu quando eu tinha trinta e poucos anos deve lembrar-se que eu era um perfecionista… e tinha muito orgulho nisso!
Nessa altura da minha vida apenas mostrava um novo projeto quando considerava que já estava perfeito. Lembro-me de ficar muito irritado quando, em vez de ser premiado com feedback muito positivo, alguém me dizia:
– Hummm… isto teria ficado melhor se fosse de outra forma!
Não suportava receber qualquer tipo de feedback que fosse contra as minhas expectativas. Gastava muito tempo e dedicava tanto esforço a tornar o mundo mais perfeito (aos meus olhos) e por isso, para mim era inconcebível alguém ter a coragem de dizer algo menos entusiástico do que “está brilhante”.
Não percebia porque é que as pessoas não viam o mundo, e a perfeição, da mesma forma que eu.
Lembro-me que no centro de estética, aquele negócio falhado que referi anteriormente, havia um tapete à entrada da porta (no exterior da loja) que durante o outono e o inverno ficava, obviamente, cheio de folhas e de outros resíduos que vinham arrastados pelo vento.
Contudo, eu gostava de ver aquele tapete sempre limpo.
Num centro de estética, eu imaginava que tudo tinha de estar perfeito e acreditava que as clientes deveriam poder limpar os pés num tapete imaculado, mesmo que este estivesse no exterior da loja.
Aquilo era uma espécie de doença!
Agora percebo que o perfecionismo dá cabo da vida das pessoas.
Eu estoirava a paciência de todos os que me rodeavam e trabalhavam comigo! Quando olho para trás, vejo que as minhas reações exageradas eram, de facto, ridículas. Tenho pena das pessoas que tiveram de me aturar nessa altura e peço-lhes desculpa por isso.
Grande parte da barba branca que tenho atualmente surgiu nessa altura, não só devido a todos os problemas que tive de resolver, mas também aos problemas que eu próprio inventei.
Não eram verdadeiros problemas, mas eu era tão perfecionista e queria tudo tão à minha maneira, que não conseguia simplesmente ignorar aquele tipo de situações.
Ser extremista na criação e na aplicação de regras, que conduzissem a vida e os negócios à minha visão da perfeição, foi algo nocivo que demorei muitos anos a conseguir dosear. Até lá chegar, as minhas noites de sono foram regularmente invadidas por tudo e mais alguma coisa que ainda faltava fazer neste mundo… que me parecia tão imperfeito!
Este artigo é um excerto do livro “a Ave Rara II… do caos e das dívidas a um estilo de vida livre!” e integra a série de episódios “Trabalhar 4 horas/dia“.
Negócios, investimentos e um estilo de vida livre
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