
Área reservada para subscritores
Faça log in para aceder à sua conta.
Durante muitos anos, dizer “NÃO” parecia-me um exercício bastante perigoso. Eu sabia que devia fazê-lo, eu queria fazê-lo, mas quando chegava o momento certo, deixava-me engolir pela culpa.
Inventava desculpas, justificações, explicações elaboradas… ou pior: dizia “sim” e depois passava dias seguintes a lamentar não ter imposto limites.
A grande mudança aconteceu quando finalmente percebi que o problema não estava no ato de dizer “NÃO”, mas na vergonha, ansiedade e culpa que eu colocava à volta dessa palavra.
Quando tirei o peso emocional da equação, o “NÃO” deixou de ser ofensivo e passou a ser apenas mais uma ferramenta de proteção.
Hoje vejo isto com clareza:
… o “NÃO” não afasta pessoas, afasta excessos… e isso é uma bênção!
Quando digo “NÃO”, não estou a atacar ninguém, estou simplesmente a assumir que o meu tempo e a minha energia são limitados e por isso têm de ser protegidos.
Houve uma diretora de uma grande instituição que, há uns meses, me convidou para participar num evento gratuito porque, segundo ela, seria bom para a minha imagem. Há alguns anos atrás (vá, há muitos anos atrás…), eu teria dito “sim” só para não parecer mal. Dessa vez limitei-me a responder:
– Muito obrigado pelo convite, mas não participo em eventos gratuitos. Desejo-vos um evento incrível!
Ela aceitou imediatamente a minha resposta.
Zero drama, zero tensão, zero ressentimento (creio eu… eh eh…).
É importante percebermos que muitas das guerras que antecipamos são apenas fantasmas que criamos.
Aprendi isto à força. Quanto mais justificava, mais espaço abria para o outro lado tentar convencer-me.
– “Não posso porque estou cansado… mas talvez… não sei…”
Aqui estava uma porta escancarada para a manipulação simpática.
Hoje digo apenas:
– “Não poderei aceitar.“
Curto, educado, limpo… e funciona sempre!
Durante muito tempo achei que precisava de justificar cada recusa com uma tese de doutoramento. Parecia-me que o “NÃO” só seria válido se viesse embebido em explicações detalhadas.
Hoje uso uma das frases que mais liberdade me deu:
“Não, obrigado.”
É elegante, verdadeiro e termina ali.
Não abre discussões, não convida a perguntas, não cria tensão e sobretudo, não me obriga a inventar desculpas nas quais nem eu próprio acreditaria.
Quando demorei demasiado tempo a dizer “NÃO”, o resultado foi sempre o mesmo: irritação, frustração e um limite imposto tarde demais. Descobri que a agressividade não está no “NÃO”, está no exagero emocional acumulado pelo adiamento.
Hoje digo “NÃO” logo à primeira, com calma.
– “Obrigado, mas não vou avançar com isso.”
– “Não contem comigo.”
– “Não estarei presente.”
Quando dizemos “NÃO” na altura certa, nunca sai tão duro como julgamos.
Durante muito tempo achei que não querer (ir ou fazer) não era suficiente. Parecia infantil, pouco profissional, imaturo.
Hoje sei que é precisamente o contrário. A vontade é um critério, a minha energia é um critério, o meu bem-estar é um critério.
Há dias em que simplesmente não quero:
– não quero ir ao torneio de golfe;
– não quero pegar num novo projeto;
– não quero conversar;
– não quero aprender uma ferramenta nova.
E isso basta… não querer já é uma excelente razão!
Atualmente uso este método para quase tudo: primeiro agradeço, depois fecho a porta com tranquilidade!
– “Obrigado por se lembrar de mim, mas não vou participar.”
– “Agradeço o convite, mas não estou disponível.”
– “Obrigado pela sugestão, mas não me apetece explorar isso.”
– “Obrigado pela oportunidade, mas não se enquadra nos projetos que pretendo abraçar.”
Quem se ofende com isto, na verdade, queria um servo, não um ser humano.
Esta foi a maior descoberta de todas. Cada vez que dizia “sim” quando queria dizer “NÃO”, perdia um bocadinho de mim… perdia tempo, entusiasmo, paciência e energia criativa.
Sempre que digo “NÃO”, ganho espaço mental, foco e tranquilidade.
O “NÃO” deixou de afastar coisas, passou a aproximar-me do que faz sentido para mim.
Dizer “NÃO” não tem de ser agressivo, frio ou dramático. Não precisa de ser complementado com desculpas ou tapetes de flores por baixo, pode ser simples, tranquilo e perfeitamente respeitoso.
Demorei, mas finalmente percebi que viver para agradar é morrer devagar.
Negócios, investimentos e um estilo de vida livre
Preenche o campo seguinte para receberes os meus emails semanais.
Faça log in para aceder à sua conta.
Preenche os dados seguintes para receberes os meus emails semanais.