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Tenho ouvido cada vez mais pessoas dizerem que a Inteligência Artificial (IA) vai estagnar, que dentro de alguns anos já não haverá informação nova na internet e que os modelos de IA “vão secar” por falta de dados novos.
Um argumento popular é este:
Como agora toda a gente pergunta à IA em vez de criar conteúdo, vai deixar de haver coisas novas na internet… e, sem dados novos, a IA deixará de evoluir.
Parece lógico à primeira vista, mas é uma visão demasiado simplista do que realmente está a acontecer.
Este tipo de raciocínio faz-me lembrar aquele “visionário” que, em 1998, afirmou que até 2005 iríamos perceber que a internet afinal não iria mudar o mundo.
A verdade é que a história repete-se: sempre que surge uma tecnologia transformadora, há quem veja apenas as suas limitações de curto prazo e não o potencial transformador de longo prazo.
A IA está a atravessar exatamente esse ponto. Enquanto uns se concentram em possíveis limites, outros estão a criar novas fontes de dados, novos ecossistemas e novas formas de integração que vão multiplicar (de forma exponencial) o valor da informação existente.
Ao contrário da internet pública, onde qualquer um pode publicar (ou deixar de publicar), o verdadeiro “alimento” da próxima geração de IA virá dos sistemas empresariais e profissionais.
As empresas estão a integrar a IA nos seus próprios processos internos:
Bases de dados financeiras, comerciais e operacionais;
Registos de clientes, relatórios e históricos de desempenho;
Documentos, emails e comunicações internas;
Plataformas de CRM, ERP e ferramentas de produtividade.
Isto significa que, em vez de depender apenas da internet aberta, a IA passará a ter acesso a informação privada, estruturada e valiosa, gerada diariamente por milhões de organizações em todo o mundo.
E esse tipo de dados (validado, contextual e atualizado) é incomparavelmente mais útil do que o ruído que preenche grande parte da web.
O verdadeiro desafio da Inteligência Artificial não será a falta de informação.
Será a forma como cada utilizador e cada empresa gere a segurança e o controlo sobre os seus dados.
Num futuro muito próximo, cada pessoa poderá ter o seu próprio “ecossistema de IA”, treinado com os seus ficheiros, emails, projetos, relatórios e preferências pessoais.
O mesmo acontecerá a nível empresarial, com IAs dedicadas a departamentos ou equipas específicas.
A questão deixará de ser:
… vai faltar informação?
Passará a ser:
Como protegemos e gerimos a informação que estamos a partilhar?
A Inteligência Artificial não vai parar por falta de dados, vai transformar-se, tornar-se mais personalizada, mais privada e mais focada em contextos reais.
A internet foi o ponto de partida. O próximo passo é o ecossistema interno e seguro de dados, onde cada empresa (e cada pessoa) alimentará a sua própria inteligência.
E, tal como aconteceu com a internet nos anos 90, quem ficar preso ao medo e às limitações vai simplesmente ficar para trás enquanto os outros avançam.
A ideia de que a IA vai “ficar sem conteúdo” é tão ingénua quanto a de que a internet seria uma moda passageira.
O que realmente vai mudar é a origem dos dados, o seu valor e a responsabilidade na sua utilização.
Não é a informação que vai acabar, é o mundo que vai aprender a usá-la de forma mais inteligente.
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